Venezuela
Parque Nacional Canaima - Gran Sabana - Venezuela
O Monte Roraima está nos planos de todo montanhista brasileiro. Como não poderia deixar de ser, estava nos meus também, para um futuro e distante rolé pela Venezuela e região norte do Brasil. É difícil chegar aqui, até de avião. Quem vai a Boa Vista saindo do Sudeste, sofre com 3 conexões e horários noturnos, chegando de madrugada a capital de Roraima, estado mais setentrional do Brasil. De lá, pega-se um taxi de linha por 230km até a cidade de Pacaraima, fronteira com a Venezuela, onde se faz os trâmites de migração. Em seguida, um outro táxi (dessa vez Venezuelano) até a cidade de Santa Elena de Uairén, de onde saem as excursões para o Parque Nacional Canaima. Tive que ir a Boa Vista por motivos de trabalho. A peregrinação entendiante você acabou de ler. O interessante, e imperdível, você vai acompanhar agora: 1º Dia - 20 km pela Gran Sabana Em Santa Elena de Uairén, contratamos uma excursão de 6 dias e 5 noites para o Monte Roraima. Saímos da operadora de turismo de manhã cedo, num jipe 4x4 em direção a Savana Venezuelana. Tem que ser 4x4? Sim, a estradinha é punk. Não recomendo a ninguém vir aqui por conta própria. Da estrada já se vê ao fundo os Tepuis, nome indígena das montanhas típicas da Gran Sabana Venezuelana que datam do pré-cambriano. Sim, geologicamente constituem uma das formações mais antigas do planeta e destacam-se por suas paredes verticais e seus cumes praticamente planos: (Estrada de acesso ao Parque Nacional Canaima - Expedição ao Monte Roraima) Quando chegamos na entrada do Parque, cada um com sua mochila levando o essencial, vimos o perrengue que seria. Items: Saco de dormir, isolante térmico, barraca de camping, duas mudas de roupa, poncho plástico para chuva, protetor solar e uma garrafa cantil d'água. A última cerveja antes de encarar o trekking extremo: (Cerveza Venezuelana para iniciar o trekking ao Monte Roraima) Foram 20km de caminhada pelo sol escaldante da Gran Sabana. O verão aqui não perdoa, e a queimada rola solta. Um paredão de fumaça encobre a trilha: (Cortina de fumaça na Gran Sabana Venezuelana - Queimada no Parque Nacional Canaima) Ou se vc preferir, o próprio fogo: (Queimada no Parque Nacional Canaima) E imaginar que isso tudo algum dia já foi selva Amazônica. Chegamos a noite na primeira base para acampamento. É, não tem mais cerveja, nem moleza. 2º Dia - 12 km de trekking O sol amanhece atrás do Monte Roraima, e a penumbra revela nossas barracas: (Primeiro acampamento Base para Monte Roraima) Tomamos o café da manhã, e partimos para completar nossas garrafas d'água no rio que fica a 1km, no caminho: (Rio Ték - Parque Nacional Canaima) Aqui funciona assim: a comida para os seis dias os carregadores levam nas costas: (Carregadores no Parque Nacional Canaima) e a água você se vira: 3º Dia - Montanhismo até os 2800m de altitude Se você não trouxe as barras de cereal, proteína ou chocolate, se lascou. Pelo caminho encontrará no máximo essas amoras: (Flora - Parque Nacional Canaima - Gran Sabana - Venezuela) E no terceiro dia você sentira falta de energia adicional. Hora de subir os 1000 metros de altitude desse paredão. Não é uma escalada, e sim o que chamamos de escalaminhada pelo pouco que sobrou da selva, próxima ao paredão: (Trilha de acesso ao paredão Monte Roraima - Parque Nacional Canaima - Gran Sabana - Venezuela) Se o trekking estava fácil, vai ser aqui que todos os seus items vão pesar dentro (ou fora) da sua mochila. Subida forte, te obriga a parar e retomar o fôlego: (Completando a água e retomando o fôlego - paredão Monte Roraima - Parque Nacional Canaima - Gran Sabana - Venezuela) E o primeiro contato com o paredão, que é negativo! Proibido escalar... (Paredão negativo do Monte Roraima - Parque Nacional Canaima - Gran Sabana - Venezuela) A trilha de acesso é lateral, e corta o paredão na diagonal. Escalaminhada apenas, menos mal: (Trilha de acesso ao topo do Monte Roraima - Parque Nacional Canaima - Gran Sabana - Venezuela) Quase chegando no topo, uma nuvem orográficas aparece para estragar a festa. Aqui é assim, a nuvem pode ficar por dias e atrapalhar a visão do horizonte. O monte é um ímã de nuvens: (Trilha de acesso ao topo do Monte Roraima - Parque Nacional Canaima - Gran Sabana - Venezuela) Rodeados pela nuvem e sem ver o caminho, chegamos na base de acampamento do dia, debaixo de uma pedra gigantesca: 4º Dia - Explorando o topo do Monte Roraima Acordamos com a lua cheia ainda no céu: (Acampamento no topo do Monte Roraima - Parque Nacional Canaima - Gran Sabana - Venezuela) O dia estava raiando quando começamos a explorar o topo, que é repleto de pedras, poças d'água e flora característica desse local: (Flora no topo do Monte Roraima - Parque Nacional Canaima - Gran Sabana - Venezuela) E um dos poucos integrantes da fauna local, o mini sapo, bem parecido com o encontrado a mesma altitude de 2800m no pico das Agulhas Negras, no Rio de Janeiro (perdeu? veja aqui: Itatiaia - Rio de Janeiro - Brasil): (Fauna no topo do Monte Roraima - Parque Nacional Canaima - Gran Sabana - Venezuela) Aqui tá ruim para os mosquitos mesmo, se o sapo não pega, a planta carnívora não deixa passar: (Planta Carnívora no topo do Monte Roraima - Parque Nacional Canaima - Gran Sabana - Venezuela) Mas o troféu vai para os pássaros que chegam a menos de 1metro de distância, pedindo comida. O que já é pouco pra galera, tem que ser dividido. E se amarram no miojo rs: (Fauna no topo do Monte Roraima - Parque Nacional Canaima - Gran Sabana - Venezuela) E se o banho estava escasso, aqui é o lugar certo. Apesar dos gringos não gostarem de tomar banho, uma cachoeira é irresistível: (Cachoeira no topo do Monte Roraima - Parque Nacional Canaima - Gran Sabana - Venezuela) Aqui em cima o clima é muito instável. Na verdade quem manda são as nuvens orográficas, que de uma hora para outra encobrem o sol e transformam toda a região em água. O arriscado aqui é que, por estar dentro de uma nuvem, a visão fica limitada, e não se vê as grandes rachaduras presentes perto dos precipícios, que ficam extremamente escorregadias: (Topo do Monte Roraima - Parque Nacional Canaima - Gran Sabana - Venezuela) Melhor tomar cuidado por onde anda. Pisou errado, adeus: (topo do Monte Roraima - Parque Nacional Canaima - Gran Sabana - Venezuela) Do mesmo jeito que a nuvem vem, ela desaparece, deixando um arco-íris. Para os mais afeminados, um convite para altas fotos. Dizem que alguns Harleiros adoram... (Arco-íris - La Ventana - topo do Monte Roraima - Parque Nacional Canaima - Gran Sabana - Venezuela) Dois dias sem tomar banho? Então vamos para o segundo banho, extremamente bem recompensado, com essa jacuzzi natural: (Jacuzzi Natural - topo do Monte Roraima - Parque Nacional Canaima - Gran Sabana - Venezuela) Em pensar que isso aqui já foi fundo do mar!? (Formação de fundo do mar - topo do Monte Roraima - Parque Nacional Canaima - Gran Sabana - Venezuela) Depois dos banhos de cachoeira e de Jacuzzi natural, hora de lavar as roupas: (Lavando as roupas no Monte Roraima - Parque Nacional Canaima - Gran Sabana - Venezuela) Aqui não tem frescura, aliás, é exatamente por isso que estamos aqui. Migrei minha barraca para um teto de pedra particular. Hoje a noite é só minha: 5º Dia - Descendo à Gran Sabana No 5º dia começamos a descer. Sendo assim, acordei as 4 da matina, deixei a minha barraca e parti para ver o pôr da lua cheia atrás do monte Kukenán, ao lado do Monte Roraima: (Pôr da Lua no Tupui Kukenán visto do Monte Roraima) Os passeios aqui em cima são guiados, ok? Nada de se separar do grupo para ver o nascer do sol. rs Simplesmente sensacional, nascer do sol em cima das nuvens. Eu, minha mochila e a imensidão do céu: (Nascer do sol visto do Monte Roraima - Venezuela) Demos uma pernada rápida até o outro lado do monte, já na parte da Guiana (o monte faz parte da fronteira tríplice entre Brasil, Guiana e Venezuela). Saca o sol raiando no paredão da Guiana: (Monte Roraima do lado da Guiana) Ao contrário do lado Venezuelano que sofre com as queimadas, do lado da Guyana o Monte Roraima ainda deixou intacta a selva Amazônica: (Vista da Floresta Amazônica do lado da Guiana - Monte Roraima) Depois de tantos cenários naturais de tirar o fôlego, começamos a descer, e guardamos na memória a nossa última visão do Monte Roraima: 6º Dia - Se despedindo do Monte Roraima Último dia, só temos a agradecer a esse monumento natural. Andando de costas, não podemos esquecer o motivo que nos trouxe aqui. O lagarto só observa os visitantes desatentos: (Lagarto no Parque Nacional Canaima - Gran Sabana - Bolivar - Venezuela) Todos os músculos da perna pedindo descanso nos 20km finais, não impedem o último registro desse lugar obra prima da natureza: Tepui Kukenán a esquerda e Monte Roraima a direita: (+100km de Trekking no Parque Nacional Canaima - Tepui Kukenán a esquerda e Monte Roraima a direita - Gran Sabana - Bolivar - Venezuela) Chegamos ao meio dia na entrada do parque. Jipe 4x4 aguardando para nos levar de volta paras nossas casas, e ao merecido descanso. Obrigado ao Guia venezuelano-indígena que acumula mais de 500 subidas ao topo e continua reverenciando os tupuis da mesma forma: (Jipe 4x4 e guia local - Gran Sabana - Bolivar - Venezuela) Nenhuma viagem substitui uma viagem de moto. Mas dentro do jipe, olhando a poeira levantada e os tupuis ao fundo, não tenho mais certeza dessa afirmação. Simplesmente incrível: |
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